sábado, maio 12, 2012

A História do Heavy Metal no Brasil:


A HISTÓRIA DO HEAVY METAL NO BRASILPor: Ricardo Batalha
PRIMORDIOS
Se nos primórdios do Heavy Metal na cena internacional encontramos um forte nome como o da banda The Yardbirds e, ainda, as pioneiras, Cream, Jimi Hendrix Experience e The Who, no Brasil a história é bem diferente.
O embrião foi criado graças aos esforços dos irmãos paulistas Celly e Tony Campello e, ainda, Sérgio Murilo, Ronnie Cord, Mary Pavão e os seguidores Jet Blacks, The Clevers e os Tijucanos do Ritmo. Também não podemos atribuir o título de pioneiros do Metal aos membros do movimento da Jovem Guarda, que abrigava nomes como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Wanderléia, Eduardo Araújo e Silvinha, Os Incríveis, entre outros, pois a Jovem Guarda, que continuou a saga do Rock'n'Roll com o Iê-Iê-Iê no Brasil, além de chegar com atraso, era muito comportada para os padrões do estilo mais despojado do Rock da época. Além do mais, esta fase da Jovem Guarda durou até o final dos anos 60, numa época em que até a banda inglesa Black Sabbath, real precursora do Heavy Metal, iniciava sua carreira.
Depois de muitos anos surgiram bandas que tocavam realmente o estilo Heavy, já que muitas das existentes no final dos anos 60 até a metade dos anos 70 podiam até tocar com uma sonoridade "pesada" e com certa rebeldia e atitude, mas não tinham qualquer conexão com o Heavy Metal. Eram as grandes bandas de baile, as bandas cover que animavam 'festinhas' e os festivais colegiais, nitidamente influenciadas pelos Rolling Stones, The Beatles e os grandes mestres do Rock'n'Roll. Dentre estas, as mais representativas e vigorosas foram o Made In Brazil, Os Mutantes, O Peso, O Terço e A Bolha.
O DIFÍCIL INÍCIO
Mas, por quê o Heavy Metal nacional demorou a emplacar? Basta salientar as inúmeras dificuldades de outrora. O nível dos equipamentos era precário e conseguir comprar importados era quase um milagre. Isto seu deu tanto pela má situação financeira dos músicos como pela crise que assolava o país. Outro ponto que dificultava era a falta de informação e a dificuldade em se conseguir partituras, revistas e materiais ligados à cena do Metal internacional.
Os estúdios de ensaios e gravações também sofriam com a falta de equipamento necessário para se obter um nível aceitável de produção do registro. Tudo isto, somado ao desprezo dos veículos de comunicação e da mídia em geral, exceção feita à algumas emissoras de rádio e alguns esporádicos programas de vídeos em nossos canais de televisão, e a mentalidade retrógrada de algumas pessoas que achavam que aquilo tudo não passava de uma loucura e um barulho ensurdecedor, de certa maneira, impediam o crescimento da cena no Brasil.
Mas, em meados dos anos 80, ou seja, com "apenas" onze anos de defasagem, o estilo começou realmente a decolar. Tudo era novidade e várias bandas se impunham com garra e talento, tentando ultrapassar todas as barreiras que existiam naquela época. Naquela fase eram realizados diversos shows, eventos que agitavam o cenário interno.
A conceituada Revista Rock Brigade era apenas um informativo de um fã-clube de Heavy Metal e o número 1 saiu em fevereiro de 1982. O editor Antônio D. Pirani comenta o importante papel da Rock Brigade no cenário nacional: "A Brigade começou como um informativo que era enviado exclusivamente aos sócios do fã-clube. Gradativamente fomos crescendo, aumentou-se o número de páginas, o tipo de papel, impressão com mais qualidade e nos transformamos em um fanzine, divulgando-o mais abertamente. Sempre tivemos o intuito de divulgar o trabalho das bandas de Heavy Metal, sejam elas novatas ou veteranas e sempre abrimos espaço às bandas nacionais. Saíam tantos discos de tantas bandas novas naquela época, que a Brigade era quase um catálogo de lançamentos. Em 1986 passou a ser distribuída em todas as bancas de jornal e desde maio de 1988 ela sai mensalmente, ou seja, quase dez anos com esta periodicidade", relembra.
As Grandes Galerias, hoje conhecida como a Galeria do Rock, localizada no centro de São Paulo, abrigava pouquíssimas lojas especializadas em Rock e Heavy Metal, como a Baratos Afins. O dono da loja, Luiz Calanca, foi um dos responsáveis pelo engrandecimento da cena. "Apesar de ter me decepcionado com o meio Heavy, dei o primeiro impulso e apoiei várias bandas que faziam este tipo de som na época", desabafa.
A Woodstock Discos, loja que naquela época ficava escondida numa galeria da rua José Bonifácio, também no centro da capital paulista, reinava nas tardes de sábado. Era um verdadeiro ponto de encontro, com troca de informações, muito material importado nas famosas "pastas" dos fãs. Além disso, a Woodstock vendia merchandising diferenciado (como buttons e patches) e passava vídeos que até então os fãs não imaginavam poder assistir. "O pessoal se reunia na loja e ficava trocando idéias sobre as novas bandas. Chegava tal disco e um já perguntava para o outro como era a banda. O pessoal trocava mais informações, criavam-se muitas amizades e isso, consequentemente, formava um underground forte. Não existia MTV, programas em rádio e existiam poucas revistas. Então o pessoal tinha que trocar idéia mesmo para saber dos lançamentos. Pintava um álbum, por exemplo do Kreator, todos corriam atrás, era como se existisse uma magia. Quem viveu aquela época, viveu a época mágica e, com certeza, não volta mais", explica o proprietário Walcir.

O PRIMEIRO IMPULSO
Se o cenário nacional crescia com atraso, em relação às bandas estrangeiras de Heavy Metal, o Brasil sequer existia no mapa. Após a vinda de Alice Cooper em 1974, Queen em 1981, Van Halen em janeiro de 1983, o primeiro megashow que os brasileiros puderam conferir de perto foram as apresentações da banda norte-americana Kiss, nos estádios do Morumbi, em São Paulo, e no Maracanã, no Rio de Janeiro, em junho de 1983. Os shows foram recorde de público para o Kiss, banda acostumada a lotar arenas e festivais ao redor do mundo.
Muitos que hoje em dia são aficionados pelo estilo Heavy, começaram a conhecer o estilo só após a passagem do Kiss pelo Brasil e isto, de alguma forma, fez o cenário nacional crescer, tal foi o fervor da estadia dos quatro mascarados no Brasil. Vários espaços se abriram para a "música pesada" e os festivais de Rock se espalhavam por colégios, teatros e espaços cedidos pelas Prefeituras, além dos programas de rádio, como o dominical "Rock Show", na Excelsior AM.

O HEAVY METAL EM PORTUGUÊS E OS PRIMEIROS REGISTROS FONOGRÁFICOS
Após algumas tentativas de organizar festivais, como o de Saquarema (RJ), que mesmo tendo sido considerado um fiasco, foi importante para a época, pois além de revelar bons nomes para a música brasileira, fez com que outros centros tentassem tomar a mesma iniciativa.
Em São Paulo, alguns festivais se tornaram famosos por unir e revelar vários nomes para a cena do Hard Rock e o Heavy Metal. Os mais "famosos" foram: "Heróis do Rock" e a "Praça do Rock", no Parque da Aclimação, por onde passaram bandas como MADE IN BRAZIL, PATRULHA DO ESPAÇO, CENTÚRIAS, HARPPIA, VÍRUS, ABUTRE, SALÁRIO MÍNIMO, CÉRBERO, AVE DE VELUDO, ETHAN, LIXO DE LUXO, GOZOMETAL, SANTUÁRIO, NOSTRADAMUS, ANACRUSA, MAMMOTH, ANO LUZ, ANTÍTESE e dezenas de outras.
Mas, não eram somente em festivais que estas bandas se apresentavam, pois outros espaços paulistanos que também abrigavam e formavam um circuito para estes verdadeiros guerreiros abnegados foram o SESC Pompéia, Clube dos Aeroviários, Rainbow Bar, Teatro Lira Paulistana, Teatro Idema, Teatro Arthur Azevedo, Teatro João Caetano, Centro Cultural Vergueiro (atual Centro Cultural São Paulo), os bares do bairro do Bixiga, as discotecas e danceterias que às vezes abriam seu espaço para o Metal, como a Raio Laser, além de clubes da grande São Paulo como o Ceret, a Sociedade Esportiva Palmeiras e o Paineiras do Morumby.
O experiente baterista Paulo Thomaz, o "Paulão" (ex-CENTÚRIAS, FIREBOX, PROPOSITAL e CHEAP TEQUILLA), analisa a cena daquele importante momento: "Naquela época, as pessoas apoiavam mais as bandas nacionais porque os shows de bandas internacionais não existiam. O público era fiel e comparecia aos shows das bandas nacionais". Em comparação com a cena atual, Paulão comenta: "O Centúrias tocava em vários teatros, o que não acontece hoje em dia pois as bandas iniciantes ou médias só tocam em barzinho. O underground era muito mais legal, pois atualmente ou você toca, por exemplo, no Black Jack Bar ou direto no Olympia".
Os fãs do estilo também relembram com saudades dos "velhos" pontos de encontro como o Carbono 14, o Cine Rock Show, as manhãs de sábado na Woodstock Discos além da Fofinho Rock Club e a Led Slay, que resistem bravamente até hoje.
Naquela época, o grande "barato" das bandas era cantar em português, e, das acima citadas e mais, KORZUS, AVENGER, PERFORMANCES, TITÂNIO, WITCHCRAFT, DEIMOS, VIÚVA NEGRA, ANTHRO, PLATINA, MICROPHONIA, VULCANO, entre muitas outras, apenas o KARISMA, um power-trio do ABC paulista compunha em inglês, chegando a gravar em 1983 seu primeiro álbum, intitulado Revenge, pela Gravadora Baratos Afins.
Aliás, foi com a mais famosa gravadora independente e importante do Brasil, a Baratos Afins, que já havia lançado os trabalhos do PATRULHA DO ESPAÇO, ARNALDO BAPTISTA, OS MUTANTES, entre outros, que o Heavy Metal teve sua grande chance de ser registrado e divulgado, com vários lançamentos como as Coletâneas SP Metal I (em setembro de 1984, com CENTÚRIAS, VÍRUS, AVENGER e SALÁRIO MÍNIMO) e SP Metal II (em 1985, com KORZUS, SANTUÁRIO, ABUTRE e PERFORMANCES), trabalhos que foram relançados em CD.
A Baratos Afins ainda lançou trabalhos individuais de bandas como HARPPIA, CENTÚRIAS, A CHAVE DO SOL, GOLPE DE ESTADO, PLATINA, CONTROLLE, entre outros. Contudo, surpreendentemente foi a banda oriunda de Belém/PA, STRESS, que gravou em agosto de 1982 o primeiro LP de Heavy Metal no Brasil, intitulado Stress.
A resposta carioca ao SP Metal foi o lançamento do cultuadíssimo Split-LP Ultimatum com o DORSAL ATLÂNTICA e o METALMORPHOSE, pois a cena no Rio de Janeiro já era muito grande e forte. O Circo Voador, o Cascadura Tênis Clube, o Caverna de São João do Miriti, o Caverna II em Botafogo, além de vários teatros, como o Teatro da Cidade e os locais cedidos pela Prefeitura para shows e festivais abrigavam as bandas cariocas.
"O Cascadura Tênis Clube foi o primeiro local no Rio em que houve o encontro dos grupos da Zona Sul com a Zona Norte do Rio e havia muita diferença entre estes. O da Zona Sul já tinha conhecimento das bandas novas, como o Venom, por exemplo, do visual mais agressivo e o grupo da Zona Norte ainda tinha aquele visual mais "roqueirão hippie", com camisetas do Led Zeppelin...", relembra Carlos Lopes, guitarrista e vocalista da DORSAL ATLÂNTICA.
Exemplos de bandas cariocas não faltam: DORSAL ATLÂNTICA, METALMORPHOSE, MORTALHA, AZUL LIMÃO, TAURUS, ANSCHLUSS, KRIPTA, CALIBRE 38, EXPLICIT HATE, NECROMANCER, EXTERMÍNIO, METRALLION, FIM DO MUNDO, INQUISIÇÃO, KRONUS, DEATHRITE e outras. Vale ressaltar que no Rio de Janeiro o público Punk e Heavy sempre iam juntos aos mesmos shows e foi lá que as famosas "rodinhas" começaram. Em dias de shows o público dava outro show à parte, na frente os Heavies cabeludos agitando e "batendo cabeça", no meio as "rodinhas" e no fundo os Punks agitando e batendo suas correntes no chão.
Um grande "boom" também ocorreu em Minas Gerais, com o lançamento do Split-LP que trazia o SEPULTURA e o OVERDOSE, marcando uma nova fase para o Heavy nacional. A Cogumelo Discos de Belo Horizonte, responsável por este lançamento continuou apoiando as bandas de Minas Gerais e do resto do país, lançando vários trabalhos interessantes como as famosas Coletâneas Warfare Noise I e II, e, ainda o trabalho de bandas da cena do Thrash e Death Metal como o SEPULTURA, OVERDOSE, CHAKAL, HOLOCAUSTO, SARCÓFAGO, EXPLICIT HATE, ATTOMICA, MUTILATOR, entre muitas outras. O público mineiro delirava com as grandes apresentações destes nomes no ginásio do Ginástico em Belo Horizonte. No sul do país os gaúchos respondiam com o lançamento da coletânea Rock Garagem, lançada em 1984 e que trazia nomes como o LEVIAETHAN, ASTAROTH e os punks dos REPLICANTES.
UM NOVO IMPULSO Parte de tudo que ocorria naquela época deveu-se a realização do grande Festival "Rock In Rio" em 1985, pois de lá para cá a cena cresceu assustadoramente. Assim como aconteceu depois da passagem do Kiss pelo Brasil, o "Rock In Rio" foi o ponto de partida para muitos jovens entrarem de cabeça no mundo da música pesada. Os espaços se abriam e surgiam novas bandas, lojas e importadoras de discos, programas de rádio especializados em Heavy, fábricas e importadoras de instrumentos musicais e gravadoras independentes.
Foi o caso da Rock Brigade, o antigo fã-clube de Heavy Metal que nesta altura virava gravadora com o selo Rock Brigade Records e lançava além de bandas nacionais, como o VULCANO, VODU, VIPER, bandas estrangeiras, fato esse que ocorreu também com a Woodstock Discos (SP), Devil's Discos (SP), Heavy (RJ), Point Rock (RJ), Fucker Records (ABC) e a Whiplash Discos (RN) que apostaram em vários lançamentos de bandas nacionais e estrangeiras.
Novos fã-clubes de bandas internacionais, nacionais e do Heavy Metal em geral se formavam e, dentre estes, o mais importante foi o Heavy Metal Maniac (São Caetano do Sul/SP), que, assim como a Rock Brigade, divulgava tudo que acontecia no underground mundial e mais tarde virava produtora de discos e eventos.
SAUDOSAS LEMBRANÇAS DO ESPAÇO MAMBEMBE
Saudosas são as lembranças dos grandes shows que aconteceram no cenário paulista. Esta era a fase do Espaço Mambembe, que dedicava as segundas e terças-feiras às bandas de Heavy Metal e costumava ficar lotado. O guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, sempre relembra em suas entrevistas das apresentações da banda no Mambembe, em especial uma com o Ratos de Porão ocorrida em 1987, onde o recorde da casa foi batido (cerca de mil pessoas).
Outro show da dupla Sepultura / R.D.P. ficou famoso, pois os boateiros de plantão juravam que os skinheads iriam invadir o local e quebrar tudo. Quem esteve lá pôde presenciar um dos shows mais furiosos da carreira do Sepultura, bem como do R.D.P., onde o vocalista João Gordo fez questão de discursar sobre a possível invasão dos skins.
Como tive o privilégio de estar presente, confesso que todos estavam receosos, mas nada aconteceu e, na saída, o proprietário da Woodstock Discos, Walcyr, fez uma caminhada com o público até o metrô Paraíso no melhor estilo líder de gangue, carregando uma arma de fogo (que ele jurava não portar) para espantar qualquer tipo de animosidade que poderia vir a acontecer. Naquela época pude conhecer a fundo o cenário underground do Metal nacional, pois com minha câmara de VHS fui um dos pioneiros a fazer filmagens de shows para uma série de bandas de todo o país, inclusive o famoso Sepultura e Ratos.
Além destes, o Mambembe foi palco para o surgimento de vários outros nomes para a cena, entre eles o Necromancia, MX, Minotauro, Salário Mínimo, Desaster, Exhort, Anthares, Angel, Ozone, Proteus, Spitfire, Naja, Cova, Inox, Krusher, Máscara de Ferro, Genocídio, além dos consagrados Korzus, Centúrias, A Chave, Golpe de Estado, Viper, Vodu e Vulcano. Alguns shows entraram para a história, como o "No Posers" do Centúrias, com os tradicionais discursos do baterista Paulão, desta vez atacando com veemência a cena do Hard/Glam, que na época era chamada de "farofa" ou "falso Metal". O curioso é que hoje em dia o próprio Paulão admite curtir bandas como Cinderella, Ratt e Mötley Crüe.
Quem também marcou época foi o Anthares, tocando um Thrash Metal no estilo Exodus, com as inigualáveis encenações de Henrique "Poço", que devem ter servido de inspiração ao vocalista Punk do Siegrid Ingrid. Henrique costumava dizer: "Aqui não é cuzão não, é Thrash!". O roadie do Sepultura, Kichi, fazia parte da banda de Thrash Metal Desaster, que também tinha Falador no baixo, Ricardo P. na guitarra e William na bateria, e andava pelo palco vagarosamente cantando num dialeto alemão/inglês de fazer inveja.
Outras apresentações foram marcantes, com o Mambembe se transformando num castelo nos shows do Máscara de Ferro. Lá também ocorreu o primeiro e único show da carreira da banda paulista Inox, que contava com Paulinho 'Heavy' no vocal, Fernando 'The Crow' na guitarra e Junior (Patrulha do Espaço) na bateria. A cena Glam, atacada por Paulão do Centúrias tinha seus fiéis adeptos com o Salário Mínimo do vocalista China Lee, o Proteus e as meninas do Ozone, além do Abutre. Mas, ninguém vai mesmo se esquecer da incrível técnica do guitarrista Alex do Minotauro, que impressionava à todos tocando com uma guitarra Rey e um pedalzinho Boss Heavy Metal. A música "Machado Mortal" reinava absoluta!
Certa vez a banda Spitfire, fez a abertura de um show do Viper. Era para ser somente um aperitivo, mas o guitarrista Xinho (ex-Vodu), o baixista Cesar Dechen (Editor do Rock Online), o vocalista Robson (ex-Performances), o baterista Serginho (Vodu) começaram a detonar covers com uma perfeição incrível. Era Malmsteen, Michael Schenker, Ozzy, Dio, entre outros. Resultado, todos saíram de lá comentando sobre o Spitfire e quase se esqueceram do Viper, que tinha acabo de lançar o álbum "Soldiers Of Sunrise".
Quando A Chave entrava no palco, todos ficavam calados, prestando atenção na técnica dos músicos. O vocalista Beto bem que tentava animar a platéia, mas todos queriam ver o então novato Eduardo Ardanuy (hoje no Dr. Sin), que havia substituído o guitarrista Rubens Gióia. O baixista Tiguêz (hoje no Patrulha do Espaço) era outro que adorava fazer discursos durante o set e como na época as subdivisões do Metal estava iniciando, Tiguêz falava sobre a união dos fãs, dos povos, das raças e a banda seguia com "A Chave é o Show", música que versava sobre este tema.
Outro que costumava encher a casa era o Vulcano, de Santos, que contava com o irado vocalista Angel e o abnegado guitarrista Zhema. A banda fazia um Death Metal pioneiro e inovador, já com muitos 'blasting beats' de batera, que hoje fazem dos gaúchos do Krisiun uma das bandas mais respeitadas da cena extrema do Metal.
Os shows do Ratos de Porão também eram muito concorridos e um em especial merece destaque. Foi o dia que deu tudo errado para o R.D.P. por causa das falhas no pedal do guitarrista Jão. O baterista Spaguetti fazia a marcação nas baquetas, começava a música e o pedal de Jão perdia a distorção. Isto se repetiu umas cinco vezes e depois do ocorrido, João Gordo, no melhor estilo comediante, não parou mais de repetir e perguntar para o público: "Tá uma merda este show, não?". O mais legal e engraçado eram as incursões do público. Certa vez, um lunático chamou João Gordo de Wilza Carla e ele ficou possesso, passando o show inteiro intimando o cara para a briga. O autor da palhaçada, obviamente, não se entregou. Em outra ocasião, o responsável pela iluminação, o eterno Vespaziano Ayala (que já fez parte do staff da Revista Rock Brigade e trabalhou na casa Dynamo Brazilie) subiu ao palco para checar o equipamento que estava falhando quando ouviu um sonoro: "Sai daí Pedro de Lara!". Ayala ficou transtornado e partiu para o microfone gritando: "Pedro de Lara é a puta da sua mãe!". O público então ecoou como se o Mambembe fosse um estádio de futebol: "Pedro de Lara...Pedro de Lara...Pedro de Lara!!!". A única alternativa de Ayala foi voltar à mesa de iluminação e fazer com que o show do Korzus começasse.
O BLACK JACK ROCK BAR
Grandes nomes passaram pelo eterno Black Jack Bar, que completou no ano passado 20 anos de existência! A programação do Black sempre mesclou bandas cover com outras de som próprio e também revelou nomes para a cena, como o Jaguar (do guitarrista Michel Perie), Controlle (que revelou o vocalista Acqua), Gypsy (Rock and Roll, que contava com a bela vocalista Renata, os guitarristas Fabio e Azeitona, o baixista Cezinha e vários bateristas, Henrique Verreschi, Schmidt, Rogerinho e Renato Graccia, que integraria anos mais tarde o Viper), Cavalo Vapor (do vocalista Nando Fernandes e do baterista Alex Nasser), So What (da vocalista Rosana, que depois formou o Mosh), Skyscraper (primórdio do Metal Melódico, liderado pelo guitarrista Nasa), Firebox (que contou com os músicos Luis Mariutti no baixo - depois substituído por Cesar Dechen, Michel Perie e Marcelo Araujo nas guitarras e Paulão na bateria - depois substituído por Júlio Cesar Príncipe), Trama (a melhor banda de covers da cena nacional da época), Psycho Clown (Metal Tradicional que deu origem ao Venus e sempre lotava a casa), Proposital Noise (ex-banda do atual proprietário do Black Jack, o guitarrista Wecko), Fates Prophecy (hoje reconhecida e respeitada) Swingfire (onde eu mesmo tocava bateria) e Cicatrix (banda que tinha o editor da Roadie Crew, Claudio Vicentin, na bateria).
Pelo Black Jack passaram todas as bandas da cena, à exceção do Sepultura. Andreas Kisser conseguiu realizar seu "sonho" na festa do Korzus em dezembro de 1999, quando ele e Derrick Green participaram de uma 'jam' tocando músicas do Sepultura e do Slayer. Este foi um dos dias memoráveis do Black, pois além da surpresa com Andreas e Derrick, os fãs e amigos da banda puderam rever o guitarrista Ni Castro ("a palhetada mais precisa do Thrash nacional") e o baterista Betão, ambos da época do álbum "Mass Illusion". Todos se emocionaram com a performance da velha "família Korzus". Depois da primeira fase, o atual line-up subiu ao palco fez um set arrasador.
OUTROS PONTOS MEMORÁVEIS
A Praça do Rock mudou de endereço, saiu da Aclimação e foi parar no Parque do Carmo, mesmo assim o entusiasmo do público continuou comparecendo aos festivais.
Outra casa que abrigou bandas de diversos estilos foi o Dama-Xoc, que tinha um ótimo sistema de som, iluminação e que recebeu até shows internacionais, como o Nuclear Assault e o Ramones. O Dama-Xoc rapidamente virou "point" fixo da cena do Metal nacional e em apresentações de bandas como Sepultura, Golpe de Estado, A Chave, Viper, Korzus, Ratos de Porão, Taffo, Avalon, Anjos da Noite, entre outras, a casa ficava completamente lotada. Foi lá que aconteceu uma memorável "jam" com Sepultura, Ratos de Porão e Korzus, que serviu como despedida do R.D.P., que partiria para sua primeira turnê internacional. Neste dia, o Korzus fez um grande tributo ao Slayer e o Sepultura tocou Black Sabbath, Dead Kennedys, além de Septik Schiyzo com João Gordo na bateria.
O último suspiro do Dama-Xoc, já em decadência, foram as apresentações do Rage e Grave Digger, em 1997. Depois disto a casa abriu espaço ao Pagode.
Assim como o Dama-Xoc, o Projeto SP dava chance para bandas nacionais tocarem num palco de grande dimensão e lá os fãs puderam presenciar shows inesquecíveis de bandas como Sepultura, Korzus, Viper, Golpe de Estado, Centúrias, Ratos de Porão, MX e Overdose, além de uma série de shows de bandas internacionais, como Nasty Savage, Testament, Systers Of Mercy, D.R.I., Motörhead, entre outros.
Alguns outros "points" ainda vingavam, como a Led Slay, Fofinho Rock Club, Heavy Metal da Vila Carrão, Espaço Alquimia, Aeroanta, Projeto Leste, Victoria Pub, Casa de Cultura do Ipiranga, Brittania, Blue Note, Projeto Cadeira Elétrica, Circo Escola Picadeiro, Dynamo Brazilie e Woodstock Music Hall. Dentre estas a Led Slay ainda resiste, assim como a Casa de Cultura do Ipiranga com seus festivais esporádicos, além do Woodstock Music Hall, que reabriu recentemente as portas e vem realizando shows de bandas de Rock e Heavy Metal.
Estes locais abrigaram quase todo o cenário nacional da música pesada no final dos anos 80 até a metade dos anos 90. Isto sem contar com os grandes e, às vezes, desorganizados festivais que aconteciam nas cidades do interior paulista: Guarulhos, Americana, Jundiaí, São José dos Campos, Campinas, Araraquara, Rio Preto, Sorocaba, São José dos Campos, Pindamonhangaba, e todas do ABCD paulista e seus conhecidos espaços: Clube Aramaçãn ("a casa do Golpe de Estado"), Shock Bar, Praça dos Tamoios, Colégio Salete, Move's Bar, Choppinho, Teatro Elis Regina, Teatro Municipal de Santo André e o Paço Municipal de São Bernardo do Campo.
Por estes espaços passaram, além das bandas já citadas, nomes como: Sarcófago, Necromancer, Volkana, Mutilator, Attomica, Firebox, Taurus, Azul Limão, Hammerhead, Cruciform, Cova, Spectrus, Megaton, Proteus, Revenge, Tormenta, Knock Out, Ranger, Sídero, Crosskill, Portrait, Okotô, Blasphemer, Exon, Scars, Ajna, Trevas, Panic, Destroyer, The Mist, Pestilence, Acid Storm, Detroit, Sacred Curse, X-Rated, Anjos Da Noite, Megatério, Garcia & Garcia, Baphomet, Mr.Green, Alta Tensão, Witchhammer, Mitrium, Zero Vision, Rip Monsters, Siegrid Ingrid, Last Joker, Extravaganza, Cortina De Ferro, Pitbulls On Crack, Scarlet Sky, Ear, Nervochaos, Hard Hearted, CODE, Anjo Dos Becos e centenas de outras.
HISTÓRIAS IMPAGÁVEIS EM SANTOS
Santos, cidade do litoral sul paulistano, também abrigou várias destas bandas em grandes e memoráveis shows e festivais ocorridos nas Praias, no Circo Marinho e nos clubes Caiçara, Saldanha da Gama, C.R.Vasco da Gama, Internacional de Regatas, Clube XV e na extinta casa noturna Heavy Metal (que era uma danceteria e não um local fixo para os fãs de Metal). Duas histórias curiosas ocorreram em Santos, no Circo Marinho. O evento era o "South American Death Festival", com a participação do Vulcano, Dorsal Atlântica, Massacre do Chile e uma banda da Bahia chamada Crânio Metálico. O público era fanático pela Dorsal e muitos se ajoelhavam aos pés de Carlos Vândalo. Antes do show, um dos responsáveis pelo Circo Marinho, começou a gritar no microfone sem parar: "Com vocês, Dorsal Atlântica... Dorsal Atlântica... Dorsal Atlântica... Dorsal Atlântica...". A banda entra em cena e detona músicas que eram hinos da época, como "Guerrilha" e "Morador das Ruas".
No meio do set o cara da produção teve um chilique porque os fãs estavam invadindo o palco para o "stage diving" e resolveu tentar interromper o show. Ele chegou ao lado do baterista Hardcore e começou a gritar: "Hei, menino, acabou. Fala para eles acabarem com o show". Resultado, a banda inseriu mais duas músicas e o show foi ainda mais longo...
Neste mesmo dia, o Vulcano sobe ao palco: "Os portais do inferno se abrem...com vocês Vulcano". A banda começa o show e quando o vocalista Angel começa a cantar, um cara tem a grande idéia de jogar serragem (o local era um Circo) na cara de Angel. Ele cospe, continua a cantar e depois da música dispara: "O filho da **** que jogou confete na minha boca sobe aqui se for macho". Obviamente o cara não se entregou e o show continuou, com Arthur descendo a lenha na bateria e Zema triturando a guitarra. Em todas as paradas Angel sempre dava seu recado ao "fã": "Vai jogar confete na bunda da sua mãe, filho da ****". Até hoje ninguém sabe qual foi o motivo, mas esta passagem marcou a carreira de Angel, que até hoje se irrita ao lembrar do assunto. Mas, não foram só nestas cidades que ocorriam os shows, pois no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, todo o Nordeste e Norte e no Rio Grande do Sul a cena era muito forte.
O BRASIL EXPORTANDO SEU METAL
Se, por um lado, as bandas estrangeiras vinham ao Brasil com mais freqüência, em contrapartida as bandas nacionais conseguiam também seu espaço no mercado externo, algumas rumando direto ao primeiro mundo, como é o caso do Angra, que representou com dignidade e competência toda a força do nosso Metal no cenário internacional, especialmente na França e no Japão. Na época do álbum Holy Land, o segundo da carreira do Angra, eu trabalhava como roadie do baterista Ricardo Confessori e chegamos a ficar mais de 1 mês na estrada durante a turnê promocional do EP Holy Live. Foram shows memoráveis em várias cidades da França, na Grécia, Alemanha e no festival Gods Of Metal, em Milão/Itália.
TRETA EM MILÃO (Itália)
No dia do Gods Of Metal, havíamos viajado da Alemanha para Milão e fui repentinamente acordado no "tourbus" com o aviso do tour manager: "Batalla (ele não conseguia pronunciar Batalha), 15 minutes!!!", dizendo que eu tinha 15 minutos para me lavar, tomar café e entrar no "Pallavobis" (Ginásio onde ocorreu o festival em 1997) para montar a bateria do Eldritch, que estava sendo a banda de abertura do Angra e seria a primeira a se apresentar no festival. Tudo bem, já estava acostumado com a pressão, mas essa foi impressionante. Ao adentrar ao local, nem imaginava o que estava por vir.
Peguei parte do equipamento no trailler e rumei ao palco, contando com a ajuda de 5 "stage hands" (carregadores). Quando subi, tomei outro susto. Dez mil pessoas gritando como loucos. Não sei como consegui, mas com a ajuda de um "stage hand" português, montei a batera em menos de 10 minutos e quando fui passar o som tomei mais dois sustos. Na primeira batida no bumbo, todos os presentes gritaram: "hey!", não acreditei. Mas, Adriano (baterista do Eldritch) acabou com a brincadeira, pois alegava que o som não ia ficar legal porque eu tinha uma pegada muito forte. Os shows correram sem maiores problemas até que chega a vez do Angra. A equipe do Manowar, que já havia deixado as bandas anteriores (Rage, Grave Digger, Moonspell, Time Machine e Eldritch) quase às escuras e com pouca potência sonora, comunica que o Angra não teria toda a potência no som e que a iluminação seria reduzida. Foi treta geral! As bandas se uniram e por pouco Joey de Maio & Cia. Iriam ver Luis Mariutti testando seu "Muay Thai" (boxe Tailandês)... Mas, não acabou.
Ao final do show do Angra, que obteve uma excepcional recepção do público, o "tour manager" do Manowar chegou até nós (roadies do Angra) dizendo: "Vocês tem 15 minutos (de novo!!!) para tirar toda esta tralha daqui, porque agora é Manowar!". Engana-se quem pensa que ligamos para o que aquele velho havia ordenado, pois já estávamos fora da área do palco, no corredor de saída do ginásio. Mesmo assim, o velho chegou e apontou para seu relógio dizendo, no melhor estilo canastrão de faoreste: "Seu tempo acabou, vão nos ver conosco!". Não tive dúvida, larguei o surdo da batera no chão e disse: "Foda-se seu velho de merda, isto é 'endorsse' (patrocínio), este foi o último show de nossa turnê e se você quiser tire tudo isto daqui, porque este equipamento não vai mesmo voltar para o Brasil. Foda-se!!!". Treta formada, o Gargamel (outro roadie do Angra) começa a xingar o velho em português, e se não fosse nosso amigo português o 1 round começaria em instantes e nós teríamos a ajuda de Spiros e Sven (Rage), Rafael e Luis (Angra).
Depois disso comecei a perceber o porquê do Manowar ter sempre o som num nível mais alto... Isto não significa que não sou fã da banda, mas não deixar os outros fazerem suas apresentações com a mesma potência sonora em detrimento da imagem não é algo muito louvável. Na realidade nem sei se isto parte dos músicos, mas aquele velho deve ter passado a pensar duas vezes antes de intimar integrantes e roadies de outras bandas
GORDO AGRADECE AO PÚBLICO METAL
O Ratos de Porão é outra banda que sempre faz turnês pela Europa, tocando nos mais variados "buracos" e também em locais de grande porte. A banda já uma lenda do Punk mundial graças às performances de João Gordo, Jão & Cia. Lembro-me perfeitamente que pouco antes da primeira excursão do RxDxPx à Europa ocorreu um show especial no Dama-Xoc, em São Paulo / SP, com a presença do Sepultura e do Korzus fazendo "jam-sessions" memoráveis. Depois de tocar bateria com o Sepultura, João Gordo foi à frente do palco para discursar, dizendo repetidas vezes: "Obrigado, muito obrigado 'headbangers', vocês fizeram isto possível!", comentando à respeito da enorme receptividade da banda com o público de Heavy Metal e da união entre os "bangers", fato que não acontecia com o público Punk, que na época tratava João Gordo como traidor do movimento.
RECONHECIMENTO DOS GRINGOS
Outras boas bandas que tiveram repercussão internacional são os representantes da cena do Thrash Metal, como os mineiros do Overdose, que chegaram a impressionar os executivos da Geffen Records com seu material; os paulistas do Korzus, que tocaram nas mais famosas casas de shows da Europa (como o Marquee Club, em Londres / Inglaterra) e nos Estados Unidos; além dos gaúchos do Krisiun, que logo no início de carreira conseguiram fechar um contrato com a gravadora européia Gun Records (felizmente mudando depois para a Century Media). Isto sem contar que o Dr Sin, único representante do Hard Rock nacional, que conseguiu impressionar até mesmo os norte-americanos da tão famosa cena dos clubes de Los Angeles.
Em menor escala, aparecem Dorsal Atlântica, Genocídio, Wizards, Dark Avenger, e as mais novatas, todas cantando em língua inglesa, no intuito de alcançar o mercado externo e o sucesso no primeiro mundo.
O FUTURO DO METAL NACIONAL
Dar o mínimo de apoio a quem toca algum instrumento e monta uma banda é dever nosso, da imprensa. Mas, no Brasil, os problemas já começam no terreno familiar porque muitos pais não conseguem ver em seus filhos o talento para a música e acham que é um "hobby" que atrapalha os estudos. Grande parte dos músicos de bandas internacionais começaram a tocar por incentivo dos pais, que lhes compraram instrumentos e nem por isso deixaram de estudar. É uma questão cultural.
Mesmo assim, o que estamos vendo no cenário do Metal nacional é que ninguém quer ser fã, todos querem "ser da banda". Nada contra ser músico, pois além de saudável deve ser encarado como profissão. O que se exige é, no mínimo, profissionalismo, pois só os mais insistentes vão vingar. Brincar de fazer música é uma coisa e tentar carreira como músico é bem diferente.
Devemos valorizar cada vez mais o produto nacional de qualidade, pois muitas bandas foram com a cara e a coragem se aventurar no exterior e conseguiram vingar por sua garra e competência. Mesmo assim, infelizmente, ainda não podemos nem cogitar em traçar um parâmetro da cena nacional com a do Metal internacional e da verdadeira indústria da música pesada que já está há anos fincada na Europa, Estados Unidos e Japão.
No Brasil, há competição entre bandas ao invés do auxílio mútuo. Há rachas de fãs das diversas subdivisões do Metal, o que não fortifica e sequer forma uma cena. Os promotores de shows acham que só de ceder o espaço para bandas nacionais já estão dando muito, o que inviabiliza uma verdadeira turnê pelo Brasil, como acontece com freqüência entre as bandas norte-americanas e alemãs, por exemplo.
Vários outros problemas muito mais graves precisam ser enfrentados, como a pirataria e os "jabás" das rádios e programas de televisão, fatos lamentáveis que todos sabem que existe, mas ninguém comenta, nem mesmo o Ministério Público, que fica na espera de que algum coitado denuncie e bote a cara para bater para que depois se tome as providências legais, instaurando um inquérito.
Além disso, as rádios Rock do país risíveis. Desde 1994 os fãs do estilo ficaram perdidos, com a retirada do ar de rádios importantes como a Fluminense FM do Rio de Janeiro e a 97 FM de Santo André em São Paulo, que deram espaço à música Dance. Atualmente algumas se salvam, como por exemplo a Brasil 2000 FM de São Paulo / SP e a 96 FM de Curitiba / PR, mas, uma rádio ROCK de princípios como os fãs ouviam antigamente ficou difícil. O que temos são projetos de rádios rock, comandadas por empresários (sempre os mesmos) que somente visam a parte comercial. Estão certos, mas os discursos são sempre os mesmos. Num determinado momento o Rock "não pega" e a estação fecha as portas e anos depois acontece o contrário.
Sob este aspecto o Brasil está apenas engatinhando, o que é uma pena, pois se houvesse uma mobilização, conscientização e união efetiva dos fãs e das bandas, as empresas de grande porte iriam descobrir uma verdadeira mina-de-ouro que é a indústria do Heavy Metal e do Rock. No mundo todo é, por que aqui não podemos fazer o mesmo?

OBS.: Esta matéria foi retirada do site: http://www.heavymetalbrasil.net/brasil.htm

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